Era 7 de setembro de 1822, por volta das 16h30. A eterna placidez do riacho Ipiranga foi interrompida por repentina algazarra. O príncipe português, dom Pedro de Alcântara, botou para fora a sua espada dura e comprida. Fez pose de herói de filme enlatado norte-americano e bradou com impetuosidade: Boceta ou Morte!!!! Antes, indagou:
-Ta tudo no jeito, Pedro Américo! Já posso fazer a encenação?
Algumas horas antes, o futuro imperador do Brasil fez um pit stop para troca de óleo na casa de Domitília de Castro do Canto e Melo, a marquesa de Santos, a primeira amante do Brasil.
A saga sexual de dom Pedro de Alcântara no Brasil começou em 8 de março de 1808, quando a família real portuguesa desembarcou no Rio de Janeiro. Bastou o príncipe pisar em solo carioca para a comilança iniciar. A permanência da nobreza lusitana em terras tupiniquins acabou virando um samba de duas notas só: enquanto dom João VI era chifrado com louvor, dom Pedro chifrava Deus e o povo.
O futuro imperador era amigo do peito de Francisco Gomes da Silva, o popular Chalaça, primeiro rufião da história nacional. Chalaça agenciava mulheres para dom Pedro no Rio de Janeiro e no restante do Brasil. O desempenho sexual do herói da independência foi descrito assim por um cronista da época:
“O príncipe foi, em toda a sua existência, um louco por mulheres. Foi o seu fraco. O traço culminante do seu caráter. Dom Pedro amou furiosamente na vida. Amou quando príncipe. Amou quando imperador. Amou quando rei no exílio. E amou com todos os desbragamentos da sua índole de fogo. Mas, por ironia, dom Pedro só não amou a esposa”.
Dom Pedro I morreu em 1834 e deixou uma coleção de 18 filhos para a posteridade: sete com a sua primeira esposa, dona Leopoldina, cinco com a marquesa de Santos, uma filha com dona Amélia, sua segunda esposa. Ele teve filhos também com a bailarina francesa Noemi, com uma irmã da marquesa de Santos, com a uruguaia María Del Carmen Garcia, com a francesa Clemence Saisset (a famosa madame Sé-Sé) e, finalmente, já em Portugal, o garanhão coroado foi pai de um filho da monja Ana Augusta.
Já imaginou se dom Pedro tivesse que assinar um cheque para presentear as suas amiguinhas de alcova? Que trabalhão. Veja só o nome completo do libertador do Brasil: Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Boubon.
Grande Pedrão, o ídolo maior da Curva da Estação.
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