domingo, 17 de julho de 2011

Drummond apenas para quem gosta de verso

 O Filhos da Curva da Estação destaca mais uma obra-prima do livro “O Amor Natural” de Carlos Drummond de Andrade. A publicação é a bíblia da Curva da Estação, já que cada página reserva uma genuína oração para todos os boêmios autênticos.

Quando prefaciou a nona edição, o também poeta Affonso Romano de Sant’Ana fez o seguinte alerta aos leitores: “Este é um livro que perturbará alguns, decepcionará  outros e em outros mais reafirmará a admiração por Drummond”.

Traduzindo a fala de Sant’ Ana para a realidade concreta da hipocrisia: se você for falso moralista ou religioso fazedor de greves de fome, a leitura de “O Amor Natural” tem algumas contraindicações. A degustação dessas páginas, porém, está liberada para padres namoradores.

O poema a seguir é uma homenagem especial a todos que conservam uma especial predileção:

Era bom alisar seu traseiro marmóreo
Carlos Drummond de Andrade

Era bom alisar seu traseiro marmóreo
e nele soletrar meu destino completo:
paixão, volúpia, dor, vida e morte beijando-se
em alvos esponsais numa curva infinita.

Era amargo sentir em seu frio traseiro
a cor de outro final, a esférica renúncia
a toda aspiração de amá-la de outra forma.
Só a bunda existia, o resto era miragem.

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