sábado, 9 de julho de 2011

Homenagem de Drummond à última Rolinha da Curva da Estação

O livro “O amor natural” é a mais sublime criação do poeta Carlos Drummond de Andrade. Cada página contém uma pérola do talento inigualável do poeta maior. Essa obra revela que Drummond só não foi um frequentador da Curva da Estação apenas por uma questão de espaço e tempo. O poema da página 53 é uma sublime reverência à última Rolinha da Curva da Estação. Pode ser também uma subtil homenagem ao “brilhante” promotor que teve a ideia de fechar a mais famosa zona do interior de Minas Gerais.

Ó Tu, Sublime Puta Encanecida

Carlos Drummond de Andrade

Ó tu, sublime puta encanecida,
que me negas favores dispensados
em rubros tempos, quando nossa vida
eram vagina e fálus entrançados,

agora que estás velha e teus pecados
no rosto  se revelam, de saída,
agora te recolhes aos selados
desertos da virtude carcomida.

E eu queria tão pouco desses peitos,
da garupa e da bunda que sorria
em alva aparição no canto escuro

Queria teus encantos já desfeitos
re-sentir ao império do mais puro
tesão, e da mais breve fantasia.



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