segunda-feira, 4 de julho de 2011

Exclusivo: entrevista com dom Mário Teixeira Gurgel, ex-bispo da Diocese de Itabira e Cel Fabriciano



O ex-bispo da Diocese de Itabira e Cel Fabriciano, dom Mário Teixeira Gurgel, esteve em Itabira no final da semana atrasada. Na ocasião, ele celebrou a missa de Corpus Christi na igreja de Nossa Senhora da Conceição, no bairro João XXIII.

Durante a celebração, dom Mário fez uma leve referência à situação dos moradores sem-teto do chamado bairro Drummond:

- Os sem-teto vivem uma situação desumana - salientou o bispo.
Depois da celebração, quando já se preparava para deixar a cidade, dom Mário falou com exclusividade ao Filhos da Curva da Estação.

Confira a seguir:

Filhos da Curva da Estação (FCE): Depois de um longo tempo de ausência o senhor retorna a Itabira. Essa visita tem alguma motivação especial?

Dom Mário Teixeira Gurgel: De especial apenas a grande saudade dessa terra que muito amo, mas, de particular, bastante preocupação com a santa Igreja Católica, que vive um momento conturbado em nossa região. Voltei porque jamais na minha vida cometi o pecado da omissão, Itabira inteira conhecia e reconhecia o bispo que tinha, e isso ainda alegra muito o meu coração.

FCE: Essas suas palavras podem ser interpretadas como uma crítica ao atual bispo de Itabira e Cel Fabriciano?

Dom Mário: De forma alguma, cada pessoa tem a sua maneira de ver a vida e pensar a religião e a sociedade. Dom Odilon age de acordo com os ensinamentos de Jesus Cristo e, quem assim é, nunca deve ser criticado. Eu não me sinto digno de criticar os meus sucessores e, ao mesmo tempo, devemos lembrar sempre que a ética é antes de tudo um preceito cristão.

FCE: O senhor faria greve de fome por algum motivo?

Dom Mário: Essa atitude não faz parte de minha concepção cristã da sociedade e do homem. Eu não creio nos resultados práticos desse tipo de exposição midiática. A meu ver o sacerdote deve dar o exemplo pelas suas condutas no dia a dia. Não concordo, por exemplo, com o envolvimento de padres na política partidária. Essa escolha acaba com a vocação sacerdotal e em nada contribui para o crescimento moral e ético da política. A partir do momento em que o título de deputado suplanta a palavra padre, então tem algo errado. Veja bem: deputado padre fulano de tal, observe que a política engoliu o título religioso. Isso não é correto.

FCE: Como o senhor vê a participação da Igreja nessa polêmica dos sem-teto?

Dom Mário: Penso que a Igreja não deve ficar omissa em nenhuma questão social, mas a Igreja de Deus necessita estabelecer os limites de sua ação. A Igreja tem que entender, compreender e respeitar os poderes constituídos de nossa pátria. Um padre não pode querer fazer as vezes de juiz, pois nada entende de leis, não tem preparo para administrar uma cidade e, muito menos, detém conhecimentos ou experiência para legislar. Veja bem: as pessoas sem - teto são dignas e trabalhadoras. Os membros da família Rosa também são dignos, trabalhadores e adquiriram as suas terras através do suor dos seus rostos. Então, a Igreja não pode se portar de forma unilateral e passional nessa questão. Bem..... agora tenho que ir.

FCE: Onde o senhor está vivendo agora?

Dom Mário: Prossigo no meu ministério num lugar nem tão distante daqui, mas sempre que Deus permitir retornarei a Itabira para rever meus amigos e poder abençoar todo o povo Itabirano. Fique em paz, nas graças do nosso senhor Jesus Cristo. Até breve.

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